quinta-feira, abril 28

O novo latim

Conectados pelo novo latim, os dois riscaram a alvura da neve acumulada no chão. Falaram sobre tanta coisa, riram de tanta coisa, observaram tanta coisa. Nos corpos, expressões da diferença: os cabelos cor de cenoura, a pele rosada, e os olhos absurdamente azuis de um contrastavam com os cabelos castanhos, os olhos de avelã e a pele brasileira do outro. Conduziram seus desejos até a esquina da despedida. Nela, abraçaram-se entre suspiros. Quando se afastaram, as mãos ainda continuavam nos corpos; as sombras agigantadas no chão faziam de seus braços pontes entre continentes. Então, ensaiaram uma nova aproximação, um beijo. Olharam-se nos olhos, depois fitaram suas bocas; hesitaram; e então... disseram-se “boa noite”, sob cristais que flutuavam pelos céus.

A noite branca foi inclemente com seus rastros nos instantes seguintes e suas marcas sobre as calçadas esvaneceram sob alvo manto. Mas a memória daquilo que neles ficaria guardado como possibilidade manteria frescor e doçura para sempre.

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